Mais um mês para ser esquecido: setembro de 2020 foi de queda generalizada para as principais classes de investimentos. Até os papéis mais estáveis da renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto, acumularam perdas expressivas. Nem o ouro, que costuma ir bem quando tudo vai mal, conseguiu escapar dessa vez: sofreu uma desvalorização de 1,61% no mês passado, afetado pelo avanço do dólar. Veja a seguir os principais destaques do período:
Dólar ganhou força
A exceção foi a moeda norte-americana, que avançou 2,37% frente ao real e terminou o mês negociada em R$ 5,61. No ano, o dólar acumulou alta ao redor de 40%, enquanto a moeda brasileira teve o pior desempenho no mercado internacional, superando a lira turca. No mês, o DXY, que mede a variação do dólar frente a uma cesta de 6 moedas, subiu 1,89%, com o aumento da busca por segurança. No trimestre, entretanto, o índice acumulou perdas de 3,60%.
Inflação pressionada
Entre os indexadores, chamou atenção o avanço de 4,34% do IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado), índice de inflação usado para corrigir contratos de aluguel. Em 12 meses, ele acumulou alta de 17,94%, pressionado principalmente pela alta do dólar e pelo componente de preços no atacado. Já a inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve fechar setembro com alta de 0,49%.
Preocupação fiscal cresceu
O risco fiscal foi o maior fator de tensão que pesou sobre o real. A desconfiança do mercado quanto ao compromisso do governo em torno do teto de gastos já era grande, mas só aumentou diante do impasse sobre de onde viriam os recursos do programa Renda Brasil (agora chamado de Renda Cidadã). A incerteza sobre o andamento das reformas do Congresso também cobrou seu preço.
Mês de correção das big techs
Lá fora, foi um mês de correção das bolsas, que encerrou o ciclo virtuoso das ações de tecnologia: vimos gigantes como Alphabet, Amazon e Facebook passando para o terreno negativo, a ponto de levantar suspeitas de uma possível bolha das big techs. Mas logo veio o aumento de casos da covid-19 em países da Europa, o que fez ressurgir temores de uma segunda onda da pandemia. O mercado de ações não segurou a barra.
Ações ficaram no vermelho
Tanto que o principal indicador da bolsa brasileira, o Ibovespa, perdeu 4,79% em setembro, no patamar de 94,6 mil pontos, só ficando atrás do desempenho de outros índices setoriais da B3: o IMOB, que reúne ações do setor imobiliário e que recuou 8%, e o de small caps (SMLL), composto por papéis de empresas menos negociadas na bolsa, e que teve uma retração de 5,45%. Veja quais foram as melhores e piores ações do Ibovespa no mês.
Renda fixa não escapou dessa vez
Na renda fixa, o IMA-Geral, indicador da Anbima que mede o desempenho dos títulos públicos, ficou negativo em setembro (-0,81%), com destaque para o Tesouro IPCA+ (medido pelo IMA-B), que recuou mais de 2% no mês passado, e o Tesouro Selic (IMA-S), que ficou no vermelho pela primeira vez, contagiando os fundos de renda fixa, que tiveram retornos pífios, como os referenciados na taxa DI.